As chuteiras abertas da América Latina – Guia da Libertadores: Grupos 5 e 6
Pois é, caro leitor. A Libertadores mal começou e já provocou crises em gigantes continente afora.
O Corinthians, talvez o que tenha sentido mais a eliminação, passou a semana inteira convivendo com protestos, atos de vandalismo e já viu até o lateral Roberto Carlos deixar o clube.
Mas, como eu disse, o campeonato está apenas começando. E ainda tem muito peixe-grande (sem trocadilho) na briga.
Sem mais delongas, conheça os grupos 5 e 6:
Grupo 5:
Santos – Brasil
Estádio: Vila Belmiro
Técnico: Adilson Batista
Destaque: Neymar
A meu ver, é o time mais forte do torneio. Não bastassem as brilhantes revelações de Ganso e Neymar, o time ainda se reforçou com os ótimos Jonathan e Rodrigo Possebon, egressos, respectivamente, de Cruzeiro e Manchester United, além de Maikon Leite, artilheiro do Paulistão com seis gols. Tudo isso, sem falar em Elano, um dos poucos sobreviventes do fracasso do Brasil em 2010 e que divide a artilharia do estadual com Maikon Leite. E se os reforços são ótimos, ainda tem os velhos Zé Love, cobiçado pelo Genoa e o carregador de piano Arouca. Enfim, um elenco cheio de opções, com pelo menos um bom jogador em cada posição e muitos acima da média. Adilson Batista vai ter que se virar pra escalar todo mundo, e isso pode ser um problema: o técnico tem fama de improvisador e pode ter dificuldades em lidar com os egos das jovens estrelas alvi-negras. Em um torneio onde costuma se cobrar experiência, a baixa faixa-etária do time também pode levar a eventuais turbulências. Tudo isso, porém, se bem administrado, tem tudo para trazer à Vila Belmiro a cobiçada taça que lhe escapa das mãos a 47 anos.
Colo Colo – Chile
Estádio: Monumental Macul
Técnico: Diego Cagna
Destaque: Rodrigo Millar
Sempre disputando o torneio com bons times, o Colo Colo venceu apenas uma Libertadores: a de 1991, quando tinha Lizardo “El Cacique” Garrido como grande estrela. E para voltar a assustar, mais uma vez os chilenos montaram um time interessante. Apesar de ter perdido o cerebral Macnelly Torres para o Atlético Nacional da Colômbia, o time se reforçou com o experiente armador Rodrigo Millar, fundamental na campanha do Chile na África do Sul. É ele o encarregado de municiar o eficiente ataque formado pelo argentino Miralles (cobiçado por Corinthians e Vasco) e o veloz Paredes. O pilar da equipe, porém, deve continuar sendo a sólida defesa formada pelos selecionáveis Mena, Ormeño e Riffo, liderados pelo xerifão uruguaio Scotti, que bateu até pênalti no épico jogo da Celeste contra Gana. E para liderar esse experiente elenco, ninguém melhor do que o experientíssimo Diego Cagna, capitão do Boca Juniors nos anos dourados e de boa passagem pelo Tigre da Argentina. Tem boas chances de se classificar e até aprontar no mata-mata.
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Deportivo Táchira – Venezuela
Estádio: Pueblo Nuevo
Técnico: Jorge Luis Pinto
Destaque: Julio Gutiérrez
Lembra de um tal de Herrera, que jogou no Atlético Paranaense em 2006? Se você não se lembra, tudo bem, a passagem pelo Furacão não foi das melhores. A questão é que o atacante é um dos grandes caras do Deportivo Táchira, e chegou a ser o artilheiro do time em 2010, com 9 gols marcados no Apertura. Tal destaque leva a crer que o time não passe de um ou outro pontinho em casa, mais pelas condições adversas do estádio Pueblo Nuevo do que qualquer outra coisa. E se algo merecer atenção, provavelmente será o atacante chileno Julio Gutiérrez, grande esperança da torcida aurinegra. Nada, porém, que impessa o Táchi de ser um saco de pancadas, ainda mais levando em conta a concorrência.
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Cerro Porteño – Paraguai
Estádio: Defensores del Chaco
Técnico: Javier Torrente
Destaque: Julio dos Santos
Time do peito de Larissa Riquelme, a musa da Copa, o Cerro disputa com o rival Olímpia o título de time mais popular do Paraguai. No quesito Libertadores, a disputa também é quente, apesar do Ciclón nunca ter vencido o torneio. Quer dizer, o Olímpia já foi campeão e tal, mas para tanto, teve como grande oponente o São Caetano. Já o Cerro já contou com Mondragón, Gamarra e Chiqui Arce, e só não foi campeão de 1993 porque deu de cara com o São Paulo de Telê nas semi-finais. O problema é que, já faz alguns anos, o clube fica devendo e, mesmo tendo feito o artilheiro de 2005 (Salcedo, hoje no Argentino Juniors), não chega às fases finais do torneio há tempos. E dessa vez, ao que tudo indica, não será diferente, principalmente levando-se em conta o tenebroso amistoso disputado contra o Vasco, no início do ano. Além disso, apesar do talentoso armador Julio dos Santos (ex-Bayern de Munich), e do ambidestro centro-avante Nanni, a classificação para a fase de grupos não é parâmetro para nada, tendo vindo contra o fragilíssimo Deportivo Petare da Venezuela. A impressão é que, na briga com o Colo Colo pela segunda vaga, sai em desvantagem.
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Grupo 6:
Internacional – Brasil
Estádio: Beira-Rio
Técnico: Celso Roth
Destaque: Andréas D’ Alessandro
Depois de vivenciar um vexame histórico no Mundial Interclubes, quando foi eliminado pelo desconhecido Mazembe do Congo, não é de se estranhar que o Inter comece o ano de ressaca. Ainda de férias, muitos de seus atletas ainda estão frios e, pra completar, o melhor jogador da Libertadores 2010, Giuliano, foi vendido para o futebol da Ucrânia. Claro que sobrou a vitoriosa base formada pelos carimbados Tinga, Rafael Sóbis e Kléber, esse último tendo ido para a última Copa do Mundo. Mas a sensação que o Beira-Rio transmite, em meio à incerteza da torcida para com Celso Roth, é a de que o Colorado dificilmente será capaz de repetir 2010. Boa parte de seus nomes não transmite confiança. D’ Alessandro é inconstante, Guinazú quer ir para o São Paulo e a maior contratação do ano, o argentino Cavenaghi, não engata uma série de bons jogos já há algum tempo. A presença do rival Grêmio no torneio até pode ser um combustível extra, mas a impressão que fica é a de que o Inter já meteu mais medo.
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Jorge Wilstermann – Bolívia
Estádio: Cochabamba
Técnico: Marcelo Neveleff
Destaque: Daniel Salaberry
Se todo grupo tem um saco de pancada, o do grupo 6, sem dúvida nenhuma é o Jorge Wilstermann. Primeiro: o time é o único participante da Libertadores que disputa a segunda divisão do campeonato de seu país. Segundo: se até o Emelec tem um jogador de se respeitar, o grande destaque dos bolivianos é o argentino Salaberry, de 31 anos e que foi dispensado pelo único time de tradição em que jogou: o Deportivo Cali, da Colômbia. Quer um consolo? A boa e velha altitude boliviana marca presença no estádio Cochabamba, que cabe 30 mil pessoas e pode ser considerado caldeirão. Mais do que isso já é pedir demais…
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Emelec – Equador
Estádio: George Capwell
Técnico: Omar Asad
Destaque: Edison Méndez
Se o Emelec pode, hoje, sonhar com uma classificação, deve isso a duas contratações bem sacadas. Uma foi a do técnico argentino Omar Asad, que levou o pequeno Godoy Cruz à Libertadores no lugar de River Plate e Boca Juniors. A outra, a mais importante, foi a do talentoso meio-campista Edison Méndez, que foi mal no Atlético Mineiro, mas não foi tão mal assim no PSV Eindhoven e já meteu gol até na seleção brasileira, jogando pelo Equador. Talvez, se ainda tivesse o bom atacante Jaime Ayoví, que foi para o futebol mexicano, o time tivesse chances de ir mais longe. De qualquer forma, no que depender dos petardos de Méndez e da sagacidade de Asad, a classificação é uma possibilidade concreta. Ainda mais considerando-se o chamado “fator Mazembe”.
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Jaguares de Chiapas – México
Estádio: Victor Manuel Reyna
Técnico: Jose Guadalupe Cruz
Destaque: Damián Manso
Surgindo como segunda força do grupo, o Jaguares tem um time traiçoeiro, bem traiçoeiro. O cara é Damián Manso, clássico camisa 10 argentino, bom de bola parada e campeão da Libertadores 2008 pela LDU. E se Manso (31 anos) já não é mais nenhum jovem, não faltará disposição aos seus companheiros Jackson Martínez (artilheiro da equipe) e ao jovem ponta-de-lança Antonio Salazar. A única baixa foi o atacante Danilinho, ex-Santos, referência dos últimos anos que foi para o Tigres. Nada porém, que impessa os Jaguares de comprar uma boa briga com o Emelec pela segunda vaga. Inclusive, se eu tivesse que apostar, apostaria nos mexicanos.