Crônica da eliminação anunciada
O Corinthians foi eliminado da Taça Libertadores da América. De novo.
Acontece que dessa vez, diferente das outras, a eliminação veio antes do torneio começar. Semelhante desgraça, só o que o Inter passou no Mundial.
E claro, nessa horas apontar culpados é muito fácil. Muito fácil, porém necessário. Até porque, dentre eles, “Cachito” Ramírez é o mais inocente.
Vamos lá. Tite errou? Sim. Errou ao sacar Roberto Carlos, errou ao confiar a titularidade a Fábio Santos, errou ao montar um meio-de-campo com três volantes e nenhum armador e, como se isso tudo não fosse o bastante, mexeu no time horrivelmente mal.
A zaga errou? Errou duas vezes, mas isso também pode entrar na conta de Tite.
E Andrés Sánchez, errou? Andrés Sánchez não é honesto e isso são outros quinhentos, mas além disso, errou sim. Errou, pra começo de conversa, por ter colocado Tite pra comandar uma empreitada que custava um centenário. Também errou em montar um time que gira em torno do marketing, errou ao deixar os reforços para a fase de grupos antes de chegar a ela e errou, sobretudo, ao vender ingressos a preços que só a “ala Higienópolis” da Fiel tem condições de comprar.
Mas vamos ao que interessa: Ronaldo.
Errou? Eu diria que não. Pelo menos, em campo, não.
Todo mundo sabia, antes do jogo contra o Tolima começar, que o dever do Fenômeno para com o Timão já tinha sido cumprido com maestria.
Quer dizer, Ronaldo veio pro Parque São Jorge pra atrair patrocínio, certo? Isso ele fez muito bem, obrigado. Se o preço dessa grana seria matar a velocidade do time, reclamações devem ser enviadas à diretoria do clube.
É por isso que, num certo sentido, discordo dos protestos de hoje de manhã.
Beleza, não dá pra um cara ganhar mais de um milhão por mês e se apresentar nas condições em que ele tem se apresentado. Mas Ronaldo tem problemas físicos graves e já devia, até, ter parado de jogar. Quem inventou essa história toda, foram os cartolas alvi-negros.
Há quem diga que Tite queria montar um time mais leve, e os responsáveis pelo salário do Fenômeno (vulgos patrocinadores) impuseram algumas escalações.
Resumindo: a habitual metralhadora da Fiel teria mais sucesso se fosse apontada pra outros alvos.
Tite já era e Ronaldo também. Mas o mal tem que ser cortado pela raiz.
Sem agressão, é claro. Mas sem ficar calado, também. Torcedor não é palhaço.